Que el arte no se vuelva para ti compensación de aquello que no supiste ser
Que no sea transferencia ni refugio
Ni dejes que el poema te postergue o divida: que sea
La verdad de tu entero estar terrestre
Entonces construirás tu casa en la llanura costera
A media distancia entre montaña y mar
Construirás —como se dice— la casa térrea
Construirás a partir del fundamento
A casa térrea
Que a arte não se torne para ti a compensação daquilo que não soubeste ser
Que não seja transferência nem refúgio
Nem deixes que o poema te adie ou divida: mas que seja
A verdade do teu inteiro estar terrestre
Então construirás a tua casa na planície costeira
A meia distância entre montanha e mar
Construirás —como se diz— a casa térrea
Construirás a partir do fundamento
Sophia de Mello Breyner Andresen (Oporto, 1919-Lisboa, 2004) es una de las grandes voces de la poesía portuguesa. Publicó, entre otros libros, Poesia (1944), Coral (1950), Geografia (1967), Dual (1972), O nome das coisas (1977) y O búzio de Cós e outros poemas (1997). Tradujo a Shakespeare, Eurípides y Dante. Este poema pertenece a su libro O noime das cosas.